…não importa a religião, afinal, o “deus” é o mesmo!

Talvez você tenha estranhado o fato de que na frase acima a palavra “deus” está escrita com letra minúscula. Mas não é por acaso ou por erro de grafia que ela está escrita desta forma. É sim para destacar e chamar a atenção para o problema que há com esse tipo de declaração vazia.

Não são poucos os que usam esse argumento quando estão diante de pessoas que tem uma confissão de fé diferente. Dizer que “o deus é o mesmo” parece ser uma “fórmula mágica” para que qualquer um possa resolver ou ignorar todos os conflitos ou diferenças teológicas que perduram durante centenas de anos.  

Em primeiro lugar precisamos definir e distinguir “religiões” de “denominações religiosas” ou “igrejas”. Religião é uma crença na existência de força ou forças sobrenaturais que é manifestada por um conjunto de doutrinas e rituais próprios. Exemplo: Cristianismo, Budismo e Hinduísmo são religiões diferentes e declaram crer em divindades totalmente diferentes e distintas. Logo, diferentes religiões não creem nem dizem crer em um mesmo e único deus. Portanto, se você tem uma religião diferente, você definitivamente crê num “deus” diferente.

Mas, na verdade, quando algumas pessoas usam o termo “religião” neste contexto estão se referindo a diferentes “denominações religiosas” ou “igrejas”. Exemplo: católicos e luteranos não tem “religiões” diferentes, ambos confessam a religião cristã, entretanto, são diferentes denominações religiosas ou igrejas. Ainda dentro deste exemplo, vemos que mesmo que duas igrejas se refiram ao mesmo ser divino, elas podem dizer coisas totalmente opostas em relação a ele.

Por exemplo: Uma certa igreja dita cristã pode se referir a Deus como um tirano que está sempre pronto a castigar os pecadores a não ser que eles cumpram suas leis perfeitamente e conquistem um lugar no céu através dos seus esforços. Enquanto outra igreja irá se referir a Deus como um Deus de amor e compaixão que está sempre pronto a perdoar os pecadores que creem em Jesus e confiam no seu perdão. Neste caso, percebemos que ambas estão se referindo ao mesmo Deus, mas o que creem e ensinam sobre ele é muito diferente.

Vejamos outro exemplo: Digamos que você tem dois vizinhos. O vizinho da esquerda vê você saindo para trabalhar pela manhã e voltando tarde da noite e considera que você é uma ótima pessoa, trabalhadora e dedicada a dar o melhor para sua família. Já o vizinho da direita, ao vê-lo saindo para trabalhar pela manhã e voltando tarde diz que você é uma péssima pessoa, que só pensa em trabalho e não está nem aí para a sua família. Ambos os vizinhos estão falando da mesma pessoa, você, certo? Entretanto, você não vai dizer que o que mais importa é se estão falando da mesma pessoa, mas sim, “o que” estão falando. Da mesma forma, pode até ser que duas pessoas estejam se referindo ao mesmo Deus, entretanto, mais importante do que falar a respeito dele, é “o que” se diz a respeito dele.

Sempre vale lembrar as palavras do apóstolo Tiago dirigidas aqueles que há dois mil anos já usavam um discurso parecido com esse, ele diz: “Você crê que há somente um Deus? Ótimo! Os demônios também creem e tremem de medo” (Tg 2.19). Com isso o apóstolo nos ensina que não basta usar o nome de Deus e se denominar cristão, o que realmente importa é o que você crê sobre ele, como se refere a ele, e como reage diante dele.

Sobre isso, é especificamente importante ouvir e entender o que certas igrejas pregam e ensinam quando se referem ao ponto central e essencial da fé cristã – Jesus Cristo e a sua obra redentora. Muitos são os que usam o seu nome, mas não o apresentam como ele mesmo se apresentou nas Escrituras. Por exemplo, há quem ensine que o sacrifício de Jesus na cruz não é suficiente para o perdão e a salvação dos pecadores, mas que é preciso “merecer” o perdão e salvação por meio de obras, contrariando o que está escrito em Efésios 2.8,9: “Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la.” Ensinam também que Jesus Cristo não é o único mediador entre Deus e os seres humanos e que há “outros” para os quais podemos orar e pedir e de quem recebemos bênçãos e milagres, contrariando 1Tm 2.5,6: “Pois existe um só Deus e uma só pessoa que une Deus com os seres humanos — o ser humano Cristo Jesus, que deu a sua vida para que todos fiquem livres dos seus pecados. Esta foi a prova, dada no tempo certo, de que Deus quer que todos sejam salvos.” Por fim, há quem ensine que existe uma “co-redentora”, ou seja, uma “santa” que, além de Jesus, tem participação na obra redentora da humanidade, porém a Bíblia ensina claramente que “A salvação só pode ser conseguida por meio dele (Jesus). Pois não há no mundo inteiro nenhum outro que Deus tenha dado aos seres humanos, por meio do qual possamos ser salvos” (Atos 4.12).

Diante de tudo isso, jamais deveríamos usar expressões do tipo “não importa, o ‘deus’ é o mesmo”. O que devemos fazer é confessar junto com os profetas e apóstolos quem é o único e verdadeiro Deus que se apresenta a nós nas Escrituras. E questionar por que as pessoas costumam dizer isso. Se é para justificar ou amenizar ensinamentos contrários a Palavra de Deus, o melhor a fazer, como sempre, dentro do espírito cristão, não é entrar em conflito ou discussão, mas é dar testemunho do que cremos firmados na Palavra de Deus e deixar que as pessoas julguem se realmente estamos falando do “mesmo” Cristo. Mais uma vez, a grande questão não é se você se refere ao mesmo Deus, mas se o seu testemunho e ensino sobre ele corresponde ao que ele, e somente ele, diz a respeito de si mesmo.

Espero ter respondido e ajudado você a compreender melhor essa questão! O bom Deus continue criando em nós o desejo de conhecê-lo e apresentá-lo a todos de maneira correta e corajosa!  Por Cristo. Amém.  

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