Por que nossa igreja não distribui a Santa Ceia para todos?

Essa é uma dúvida muito frequente entre os membros de nossa igreja. Por que praticamos a comunhão fechada ou restrita, ou seja, que restringe a distribuição da Ceia aos membros luteranos confirmados. Por esta prática nossa igreja já foi acusada de ser uma igreja fechada e radical e até de discriminar os não-luteranos. Algumas pessoas até mesmo afirmam que ela deveria ser mais aberta para, através da Santa Ceia, trazer mais pessoas para o seu meio.

Antes de tudo é preciso compreender o que a Santa Ceia é. Se você abrir sua Bíblia em 1Co 11, a partir do versículo 17, verá que o apóstolo Paulo está tratando do fato de que as pessoas não sabiam mais o que a Santa Ceia era, e, por isso, estavam participando dela de uma maneira errada. É por isso que Paulo, entre os versículos 23 e 26, repete as palavras de Jesus quando instituiu a Santa Ceia: “partiu o pão e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de vocês… pegou o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, aliança que é garantida pelo meu sangue…” E, logo depois diz: “Por isso aquele que comer do pão do Senhor ou beber do seu cálice de modo que ofenda a honra do Senhor estará pecando contra o corpo e o sangue do Senhor” (v.27). Com isso, o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, está lembrando que, quando comemos o pão e bebemos o vinho, estamos juntamente recebendo o verdadeiro corpo e sangue de Cristo dado e derramado para o perdão dos nossos pecados e que, participar da Santa Ceia, sem compreender e crer nisso significa pecar contra o próprio Cristo (Doutrina confessada e ensinada por nossa igreja em seus documentos confessionais, entre eles, o Catecismo Menor de Lutero: O Sacramento do Altar).

É por essa razão que o próprio Paulo primeiro instruía as pessoas (“Porque eu recebi do Senhor este ensinamento que passei para vocês…” v.23) e só depois convidava e oferecia a Santa Ceia. E ninguém em sã consciência cristã diria que Paulo estava sendo fechado ou radical demais, nem que estava discriminando as outras pessoas, não é mesmo!? Mas está claro que ele estava justamente cuidando para que ninguém, membro ou visitante, participasse da Santa Ceia por razões erradas.

“Mas pastor, como isso se aplica a nossa realidade?” Vou dar um exemplo: Digamos que você convida um amigo para ouvir a pregação em um culto de nossa igreja, e então ele lhe pergunta se pode participar da Santa Ceia. Você, lembrando da instrução de Paulo, pode em primeiro lugar perguntar a ele: “Você sabe o que é a Santa Ceia?” Nesse caso, posso até lhe dizer quais seriam as possíveis respostas: “Sim, claro!” E no caso de se tratar de um católico ele vai dizer que “o pão foi transformado no corpo de Cristo e agora não é mais pão, mas é o próprio corpo de Cristo e por isso deve ser adorado e venerado (como no feriado de Corpus Christi, quando o pão é adorado e carregado em procissão como se fosse o próprio Cristo), e que também é sacrificado novamente em favor dos pecados a cada missa. E o vinho também foi transformado no sangue de Cristo e, por isso, não é mais vinho, mas o próprio sangue de Cristo”. Por outro lado, sendo esse seu amigo membro de uma igreja evangélica reformada, pentecostal ou neopentecostal, ao contrário irá dizer: “a Santa Ceia é apenas uma representação, uma reencenação da última Ceia de Jesus com seus discípulos. O pão e o vinho (ou suco de uva, tanto faz!) apenas representam ou simbolizam o corpo e o sangue de Jesus, que, na verdade está no céu e, portanto, não pode estar presente no pão e no vinho.”

Nestes casos, ou no simples caso de seu amigo responder com toda sinceridade: “Não, não sei!”, o que você faria? Você o convidaria mesmo assim a participar da Ceia? O convidaria mesmo sabendo que ele não crê naquilo que o próprio Senhor Jesus e os apóstolos ensinaram sobre a Santa Ceia? Ignoraria o fato de que o apóstolo Paulo disse que aquele que participa da Ceia sem crer no que ela é está “pecando contra o corpo e o sangue do Senhor”?

Se você realmente ama e quer o bem do seu amigo, creio que mesmo com o risco de não ser bem compreendido na hora, você diria a ele que para o seu próprio bem ele deveria ser instruído primeiro.

É por estas razões, amor ao claro ensino da Palavra de Deus, e amor e cuidado para com as pessoas, que nós luteranos estamos dispostos até mesmo a aceitar sermos chamados de fechados e radicais. Pois, estamos realmente “fechados” com a Palavra de Deus e, por isso, somos “radicalmente” contra os falsos ensinos sobre a Ceia ou qualquer outra doutrina bíblica que levem as pessoas a pecar contra Deus e serem condenadas por isso.

Da mesma forma, é sempre bom lembrar que mesmo os membros confirmados de nossa igreja precisam estar bem cientes daquilo que Jesus ensinou em sua Palavra. O simples fato de terem sido instruídos a esse respeito não significa que são “mais dignos” do que os outros, nem que podem participar da Santa Ceia de qualquer forma. A todos, membros ou não, é necessário verdadeira fé e verdadeiro arrependimento diante do Senhor. Mesmo depois de ter instruído os membros da igreja de Coríntios sobre a Ceia, Paulo teve que lembrá-los constantemente de que deveriam refletir sobre o que estavam fazendo: “Portanto, que cada um examine a sua consciência e então coma do pão e beba do cálice”.

Espero ter respondido e ajudado você a compreender melhor essa questão! O bom Deus continue criando em nós o desejo de crer, compreender e praticar a sua santa vontade! Por Cristo. Amém.

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